PETAR - Parque Estadual e Turístico do Alto
Ribeira
Estradas de acesso ao PETAR
Localização das Cavernas do Petar ( vide abaixo
)
Há milênios as cavernas encantam o homem. No início dos
tempos as cavernas eram usadas como abrigo, nelas foram deixadas
restos de fogueiras, de alimentos, ossos e pinturas que nos
permitem conhecer a vida e os hábitos dos nossos ancestrais.
Sejam em pinturas rupestres, animais exóticos, depósitos
minerais ou acidentes geológicos, os ambientes cavernícolas
preservaram momentos de nossa história, neles criou-se um novo
mundo a ser descoberto.
Frágeis e fascinantes, as cavernas atraem pessoas pelos
mais diversos motivos, sejam eles científicos ou religiosos, por
curiosidade ou aventura, as cavernas propiciam o mais intenso
contato com a natureza. Mais do que caminhar sobre o chão
estamos dentro da terra, envolvidos por rochas, cercados de
escuridão e silêncio. Nelas o tempo parece congelado. Suas
formas intrigantes e belas, iluminadas por nossas luzes fazem
nossa imaginação pequena. Vendo pequenas gotas caírem do teto ou
escorrerem pelas paredes, podemos imaginar como tudo começou há
milhares de anos.
As vezes
a calma e o silêncio dão lugar a galerias barulhentas, com seus
rios e corredeiras a castigar a rocha, cachoeiras, abismos,
desmoronamentos, tudo é singular nas cavernas.
Podem ser grandes entradas ou pequenas fendas na
montanha, as cavernas atraem pela beleza, aventura e
principalmente pelo desconhecido. Não sabemos o que vamos
encontrar, estamos caminhando sem pegadas à frente, o teto se
abaixa, o rio se estreita, logo abre-se um grande salão, mais um
abismo, uma pequena passagem entre blocos, ninguém sabe aonde
vai chegar.
Com as luzes apagadas, deitados sobre uma pedra a
escutar as gotas caírem sobre o chão, nos entregamos às mais
sinceras emoções. O rio que antes corria longe parece agora
percorrer nossas entranhas e sair encachoeirado por nossas
lágrimas, seguindo seu curso por entre as pedras que nos abraçam
e se fundem a nós.
As coisas são simples, todos são iguais e compartilham
do mesmo ambiente e emoções, nas cavernas podemos por uns
instantes saber o que significa viver intensamente e
principalmente reconhecer o sentido da palavra liberdade.
Com uma forma física razoável, curiosidade, um capacete
e uma lanterna pode-se começar a descobrir os mistérios do mundo
subterrâneo, e quem sabe ser contaminado pelo vírus
espeleológico, do qual ninguém se recupera.
Mais do que técnica, vale a coragem, a tenacidade e a
curiosidade para ultrapassar os obstáculos encontrados, mais do
que vencer é preciso respeitar e conhecer os segredos das
cavernas e os próprios limites.
As maiores e mais belas cavernas são formadas em rochas
solúveis, especialmente as carbonáticas como os calcários,
formados principalmente de carbonato de cálcio (CaCO3). Os
calcários são rochas sedimentares que se depositaram nos fundos
dos mares há mais de 500 milhões de anos, num processo lento
foram depositados em camadas separadas por planos de acamamento
e em graus diferentes de pureza e as vezes intercalados com
argila.
Existem cavernas em outros tipos de rochas como
quartzitos, arenitos e granitos, mas que não são tão atraentes
quanto as calcárias. As rochas sofreram a ação de altas pressões
e temperaturas e se recristalizaram em calcário metamórfico,
movimentos tectônicos as fizeram emergir do fundo dos mares e se
tornar montanhas e erosões e corrosões modelaram o relevo.
Quando um rio penetra na terra denomina-se sumidouro e
quando surge dela, denomina-se ressurgência. As dolinas são
depressões, mais ou menos circulares mais largas que profundas,
na superfície, ocasionadas geralmente por pontos de maior
captação de água ou pelo desmoronamento do teto de uma caverna.
O relevo caracterizado principalmente por drenagem
subterrânea, cavernas, sumidouros e ressurgências, vales,
cannyons, dolinas e lapiás recebe o nome de carste. Na maioria
das vezes o calcário é recoberto por uma vegetação exuberante,
como no Vale do Ribeira em São Paulo e se evidencia por
afloramentos da rocha, na forma de lapiás, que são rochas
calcárias que sofreram corrosão por parte das águas, exibindo
formas reentrantes e furos de todo tipo.
As cavernas se originam basicamente, da ação e
circulação da água sobre as rochas, através de reações químicas
de corrosão e da erosão. As águas das chuvas absorvem gás
carbônico da atmosfera e principalmente do solo tornando-se
ácidas (ácido carbônico H2CO3). Essas águas penetram pelas
fendas e fraturas das rochas dissolvendo-a, abrindo condutos e
galerias. Esses processos são naturalmente muito lentos, a água
vai obedecendo a lei da gravidade, percorrendo milímetros em
séculos.
Em regiões tropicais como no Brasil é ainda mais
intenso o processo de formação de cavernas, os ácidos
encontrados no solo têm um papel muito importante nesse
processo, aliado às constantes chuvas que inundam os vales e
montanhas. Milênios depois esses condutos alargados permitem a
passagem de mais água tornando o processo mais acelerado.
Ai a erosão começa a aparecer, mais tarde as galerias
começam a ser preenchidas também por ar, o rio toma a aparência
de um rio do exterior, intensificando o processo de erosão. É
neste momento que começam os depósitos de minerais, os
espeleotemas, como as estalactites e estalagmites.
O contínuo alargamento das galerias pode ocasionar desmoronamentos
das paredes e tetos, processo conhecido como invasão, aumentando
os espaços internos. Pode haver um rebaixamento do nível dos
rios, desenvolvendo diferentes níveis na caverna.
As cavernas são classificadas basicamente em grutas,
predominantemente horizontais e abismos, predominantemente
verticais. Elas apresentam, normalmente, os mais variados tipos
de acidentes, como tetos baixos, galerias altas, trechos
alagados, desmoronamentos, salões amplos etc.
Num determinado momento os rios podem deixar de correr
por certas galerias ou cavernas, os espeleotemas tomam todo ou
quase todo o espaço interno da caverna, ou elas são preenchidas
por sedimentos, a caverna entra então na sua fase final de
existência, pelo menos até a que a água volte a correr por suas
galerias retomando o processo que tende a arrasar toda a rocha
calcária.
|